A década de 60 marcou o século. A geração conservadora da época achava tudo muito exagerado, mas foram os milhares de jovens de roupas coloridas que fizeram história a partir de uma revolução pacífica.
O movimento Hippie foi o maior movimento de contracultura da história e foram inspirados pelos artistas e pensadores da década de 50, a Geração Beat, que já criavam seus próprios conteúdos contestando os valores vigentes da sociedade da época: capitalismo selvagem, consumismo desenfreado, separatismo, incentivo à guerra, os moldes de trabalho e até os padrões de beleza. Os hippies fizeram barulho pelo seu estilo excêntrico, pela oposição e recusa radical ao pensamento conservador e pelo desejo utópico da transformação da consciência da sociedade como um todo.
Porém, para o movimento ganhar a proporção e visibilidade que teve, foi necessário um ingrediente especial: o LSD. A substância psicoativa era usada para fins terapêuticos e foi vendida legalmente em farmácias até 1966. Quando caiu nas mãos erradas (ou certas, no caso), o LSD se popularizou entre os jovens que diziam viver verdadeiras experiências espirituais com o uso da droga. Foram milhares de pessoas dando depoimentos de suas transformações pessoais após a experiência, fazendo com que o movimento também engajasse o tema da espiritualidade. Os ex-soldados da Guerra do Vietnã traziam conceitos das religiões orientais que se somavam aos conhecimentos ancestrais das tribos xamânicas norte-americanas.
Numa fusão de diversidade cultural e ideais libertários, os hippies tinham como lema “Paradise Now” que afrontava a mentalidade cristã de que o paraíso deveria ser merecido de acordo com a nossa conduta na vida. O paraíso é aqui e agora. Esse discurso libertou uma geração inteira de dogmas sociais e religiosos, fazendo com que vivessem o presente de maneira intensa, mas com a consciência voltada para a felicidade coletiva, a união e o bem estar; afinal, é isso o que existe no paraíso e o paraíso é agora. Outro lema foi o “Ban the Bomb” (Pare a Bomba), entoado numa só voz em manifestações contra a Guerra do Vietnã. E o mais famoso Peace and Love, que resumia toda a busca dessa geração colorida e espirituosa.
Além dos valores da contracultura, da aversão à luta pelo poder cego e a recusa às autoridades, a comunidade hippie também tinha um estilo de vida livre. Praticavam o nomadismo, relacionavam-se de forma livre e gostavam de estar na natureza. No verão de 1967, centenas de manifestações contra a guerra surgiram pelos Estados Unidos, tendo sido apelidado de Verão do Amor, que desencadeou o nascimento de várias novas comunidades Hippies. Mas o movimento se popularizou verdadeiramente em 1968, após a apresentação do musical “Hair”. O grande marco da geração foi no ano seguinte, no festival de três dias de paz e música: Woodstock.
Woodstock recebeu quase meio milhão de pessoas debaixo de chuva e contou com nomes de peso do rock psicodélico, do jazz e do folk. Apesar das condições adversas, o festival ofereceu uma verdadeira aventura psicodélica aos viajantes. Houveram tentativas de novas edições ou de reproduções parecidas com o evento original, mas ninguém seria capaz de bater a grandiosidade de Woodstock, mas falaremos disso mais detalhadamente num próximo artigo.
Os Hippies cresceram tanto que nos anos 70 já faziam parte da cultura principal norte-americana inspirando e incentivando a economia em diversos setores. No fim desta mesma década, o movimento já havia se espalhado e perdeu popularidade. Muitos acreditam que o movimento morreu, mas os hippies saíram da linha de frente e foram viver suas próprias aventuras mundo a fora ou voltaram às suas vidas normais. Nos anos 80 quase não se ouvia mais nada desta geração, mas a verdade é que eles sempre estiveram camuflados entre nós.
Muitos dos valores hippies ainda vivem e foram adaptados aos novos tempos. No fim da década de 80, muitos Hippies saudosos seu reencontraram nas praias de Goa e reproduziram seu próprio Woodstock regado a rock psicodélico, folk, jazz, EBM (Eletronic Body Music) e Acid House; esses últimos trazidos da cena club que ganhava espaço na Inglaterra. Hoje estamos aqui, levantando a bandeira da Paz, Amor, União e Respeito, mas o caminho até aqui foi longo. Nosso movimento é neto do movimento Hippie e é o resultado de uma equação onde foram subtraídas crenças limitantes, somadas as forças, multiplicadas as alegrias e divididos os conhecimentos.
Um grande VIVA aos nossos ancestrais psicodélicos!
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